terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sobre mim

Uma vez certa amiga, da primeira faculdade, lembrou de um trecho de música e me recitou. Era realmente como eu estava. "You're gonna catch a cold from the ice inside your soul." Não por eu ser toda a letra, mas por estar abrigando justamente aquela parte. Eu tive um amor antes e eu quis ficar sozinha por tempos, comigo, até você. 
E o meu coração vai endurecer novamente. (in)Felizmente. É a forma mais rápida e demorada ao mesmo tempo de curar as coisas por aqui. Aí eu não posso ajudar tanto, acho que sempre fiz minha parte muito bem. "É foda, talvez se você (falta o fosse) escrota seria mais fácil pra eu assumir que eu errei, mas eu fiz mal a alguem (falta um acento) que não merecia nada disso. Isso doi (aqui também), muito." E eu concordo plenamente com você. Eu devia ser escrota. Devia ser muito escrota. Pra merecer algo assim e você falar: - Foda-se, eu fiz mesmo. Mas desculpe-me não ser escrota, até que lá no fundo eu desejava ser por não me achar merecedora das coisas que se passaram naquela noite. O seu questionar doeu na alma, no coração, e em todos os tecidos do meu corpo. Eu senti quando aconteceu e senti agora. Queria não sentir e ser só o trecho da música que disseram um dia que eu parecia.


2 comentários:

  1. Anne,

    Fui eu quem fez a piadinha sobre o Tinder no outro post. Eu ainda não tinha lido muitos textos seus, então eu não tinha percebido que você escreve "de verdade". Eu tinha te achado bonita, vi que você escreve bem e fiz uma piadinha - eu tava no clima de Tinder ainda, não de blog. Fico feliz que você tenha achado engraçado (quem sabe eu não te fiz rir?), mas, agora, tendo lido mais do que você escreve e em especial considerando os seus textos mais recentes, eu não sinto mais vontade de fazer piadas.

    Como eu disse, você escreve bem. E isso significa que você é capaz de criar nos outros sentimentos que antes não estavam lá (inventei isso agora). Sim, é verdade que eu também fui traído, e que eu também senti muita dor, mas claramente nós lidamos com o tema de maneiras muito diferentes - talvez intransponível, intraduzìvelmente diferentes. Talvez o vale onde eu esteja, fique além de uma montanha que você não queira escalar - pois eu fui amante e, sim, eu o sabia.

    Essa distância, no entanto, não foi suficiente. Mesmo com ela - apesar dela - eu tô aqui, tentando te abraçar como se o bem estar do mundo dependesse de você ficar quentinha. Você não é insípida. E eu queria poder te convencer disso. Mas eu já estive onde você está e eu sei que isso não cabe a mim. O meu único consolo pra tristeza que eu senti lendo os seus últimos textos e imaginando a sua dor é que eles são textos: é que você escreve. Te peço, como leitor e nada mais*, que você continue escrevendo. Do jeito que der, do teu jeito.

    Vou postar como anônimo, porque não é só a minha privacidade que está em jogo com este comentário. Mas, você querendo, eu estou disposto a compartilhar contigo tanto a minha identidade quanto o meu blog. É só dizer.

    Com carinho,
    Um amigo


    * Isso é mentira, eu claramente quero flertar contigo.

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    1. Caro leitor, mais conhecido do que qualquer outro, eu bem sei de todo o afago. Sei da escrita confusa e das frases comuns que não conseguistes mudar. As mesmas que eu ouvi certo dia. O esquema do labirinto cabe agora, seria mais demarcar espaço e criar uma lembrança inteligente de um lugar que já se percorreu do que qualquer outra coisa, pra poder encontrar a saída. Eu tenho pavor de escaladas. Lembra?
      Talvez nem tudo possa ser escrito, e é por isso que a dor precisa ser sentida. O pouco que sai na escrita não é 1/3 do real propósito de dor, mas já ajuda bastante.
      Já dissestes muito sobre si, compartilhe se quiser.

      Att,
      Insípida.

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Obrigada!