terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sentido perene

"- Vocês são um casal?"

Essa pergunta ecoara por um pavilhão inteiro e fez minha mente congelar por instantes. Só afirmei um não corrido e te olhei embaraçada, meio que na transversal. Eu mal sabia o que se passava conosco e sou saudosa enquanto a isso. Eu não fazia ideia, mas parecia bom. O que difere do agora. Talvez esse seja o último texto que eu escreva e sabe-se lá o porquê; o motivo de tal ato. Até disso, escrever, que eu sempre tive tanto apreço, me desencanto e desfaleço. Sinto-me perene, no sentido de estar abundante de coisas as quais pareço não aguentar. O nosso amor também o era. Mas admitindo outros sentidos.

Nosso amor é perene. 


O folheto que ganhei do autor, além do livro, é o que eu guardo daquele dia desajeitado e bom.


Fora uma madrugada desagradável e um dia que não contive as lágrimas. Chorei em cada canto inadequado daquela faculdade por alguém que não devia. Pela primeira vez na vida me senti um pouco mais completa por querer medicina, fazendo parte da Liga Acadêmica de Psiquiatria da UFRJ, a LAP. Senti que era aquele o meu lugar (deu-me até uns arrepios), mas que ainda é algo tão perto e tão longe, que infelizmente eu não estou preparada pra ele e não vou tê-lo por hora. Meu sonho se tornou algo menor diante disso tudo.
O tema fora instigante e parecia uma mensagem do universo pra mim: "Como evitar o suicídio", que de fato o dia me pedira naqueles instantes de observação do décimo segundo andar do HUCFF. Me senti muito pequena no infinito daquela paisagem que sempre me inspirou a querer estudar ali. Me senti pequena diante das minhas coisas e escolhas. Tem muita gente naquele lugar querendo prolongar a sua estadia no mundo e eu, só queria encurtar a minha. Pensei em você, você falou comigo e depois não mais. As coisas só me empurravam para baixo. E ali eu só queria uma forma de te ajudar também, mas parece que não mais devo pensar em você. Não está dando muito certo, não é?! 
Mas naquele momento eu também percebi que sempre cumpri muito bem a minha parte para com você, e agi da forma certa quando você entrou em desespero. Me senti orgulhosa aí, mas também senti orgulho de você, como sempre fiz. Queria que soubesse lá no fundo que não perdera uma figura de apoio, e essa ideação de ambas as partes some logo. E vai seguir a sua vida, como você mesmo me disse. Vou caminhando logo atrás, mas talvez pegue uma saída diferente. Nunca pensei em escrever um eu ainda te amo e um até breve no mesmo lugar.


Gastei uns minutos do meu dia só a observar o quão rápido ou devagar as lágrimas caiam do 12° andar.

"Se ela ver isso vai querer se tacar de um prédio." 
Bem que realmente fez sentido naquele instante de ideação, só não fora engraçado.

E caso eu não escreva mais por não ter forças, fique com um eu te amo, quase perpétuo.


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