quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sem propósito

O céu está completamente fechado.
Em minha direção há somente neblina. Uma neblina tão densa que não posso mais lhe ver.
Eu não vejo ninguém, somente o meu interior muito distorcido.
Aqui, nada aparenta ser como é.
Eu me perco numa confusão inexistente.
Eu me esgoto de tudo e não tenho vontade de prosseguir. Isso eu posso lhe afirmar.
As desculpas estão vindo da boca para fora, mesmo todas sendo verdadeiras. Elas somente existem.
Nada muda.
Continuo na inércia.
Me perco em pensamentos e não quero mais pensar.
Não me contento com o nada que acontece por acaso.
Há sempre uma razão, sempre há. Ou na verdade não há.
Sou minguada demais e chego a ser sutil quando não devo.
Mas agora sou sem ideais e a fadiga me consome a cada vez mais.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Talvez anne

Eu só peço que me leve embora.
Me leve embora daqui agora.
Já não tenho motivos para ficar, nem mesmo para ir.
Sinto que a inércia me vicia.
Já não lhe tenho mais e talvez não queira lhe ter.
Sou invisível agora, ao menos ao meu ver.
Todos dormem e eu passeio pelos sonhos alheios tentando resgatar algo para mim.
Uma rajada de vento frio me atingiu da janela e me fez estremecer, pois trouxe junto com ela todas as suas lembranças e não devo me enganar que elas me assolam. Desta vez foi diferente, sinto a indiferença me consumir mais que tudo.
Nenhum sorriso nos lábios. Nenhuma lágrima nos olhos. Somente lembranças, casuais lembranças.
É como se cortar e não sentir dor, somente sentir que lhe falta um pedaço de pele.
Estou exposta e extremamente vulnerável, com um assopro eu cairia.
Antes eu me importava com a felicidade alheia mais do que com a minha, mas hoje não me sinto feliz por eles, e como podem concluir a minha felicidade se extinguiu.
Tenho pena de mim.
Tenho pena de você.
Tenho pena de quem zela por mim e não dou a devida atenção.
Sinceramente, me desculpem.
Me desculpem por não fingir ser quem não sou.
Me desculpem por não demonstrar afeto e compaixão quando não é preciso.
Me desculpem por não me entender e tentar ser a mera fagulha que sou.
Desculpem por ser Anne demais.
Desculpem por ser Anne de menos.

domingo, 4 de abril de 2010

ambígua

Talvez eu seja pó.
Aquela poeira de vento.
Ou possa ser sol,
aquele que ilumina a todos sem cobrar e nem liga que se consuma.
Sou terra fofa em que se pisa e deixa marcas onde você nunca lembra que se pisou.
Sou as linhas curvas dos meus escritos que bambeiam no papel em tinta.
Sou alma viva por vezes morta.
Gélida e incontestável.
Amena por vezes e amada por alguns.
Errônea.
Errada.
Sou aquela alma litigiosa.
A profana e a santa.