sexta-feira, 28 de outubro de 2011

antes do catete


e quando só me vem solidão, eu lembro que encontrei
meu amor no metrô, naquela estação
alguma distância, uns olhares entrecortados
um sorriso bobo, meio de lado
o olhar para baixo no mesmo instante
a vontade de ser falante
o poder do observar
daí veio o afastamento em certo momento
e eis que eu perdi o eixo na Presidente Vargas
sem adeus, sem amor
segui viagem

terça-feira, 25 de outubro de 2011

prudência


eu não tenho por quem chorar
choro pra quem num acaso ouvir
dona prudência me chama num canto
e acalanta, na esperança de fazer-me rir com um causo
desmorono num apego, num abraço de gelo,
num ninho de insônia e ele de longe ecoa:
- sonha, menina sonha, que eu de longe
estou aqui, com vontade de você

domingo, 16 de outubro de 2011

Casmurro

Eu fui casmurro
não Dom, mas Casmurro.
A história é a mesma e via-se em você Capitu.
Não houve traição alguma a não ser por dúvida.
Houveram palavras e pensamentos,
perdi-me em cenas obscenas
num clamor de mente nunca dantes ouvido.
Fiz da cena um inferno
e de minha dúvida, meu martírio.
Capitu se foi, mas ainda sim encontra-se nas páginas de meu livro

sábado, 15 de outubro de 2011

sobrancelhas


as mais bonitas que eu já vi em um homem
compartilham de vida própria lado a lado
mistificam um sorriso e atordoam-me
sim, atordoam-me
faz com que eu sinta falta do desconhecido
e do compromisso
fazem cair os olhos num contorno detalhista,
e por fim elas os fazem sorrir em par

p.s: seus mistérios estão nos cantos





terça-feira, 11 de outubro de 2011