segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Os Amantes

Guardei essa pintura de Magritte até quando pude. Pensei em usá-la em 2012, mas decidi preservá-la e eis que a tive como presente de aniversário. Valiosa relíquia de 1928 e hoje já não me vale nada. Já fora tema de provas, assim como O Beijo, de Klimt. Não saberia avaliá-la com o mesmo pensamento hoje, muito menos fazer prova alguma. Meu sonho fora selado naquele dia e não há mais forças pra ele. 
Sempre me perguntei de quem ambos se escondiam: um do outro, dos outros, de si? Continuo me questionando. Só sei que essa pintura gritou e ecoou calada na madrugada de ontem.
Naquele dia eu acordei desesperada lá pelas 03h e não sabia o porquê. Na verdade eu sabia, mas não queria acreditar. Era só mais um sonho estúpido, como você me fizera acreditar. Não era um sonho, era uma sensação desmoronante que amarrava ao peito e por isso eu levantei. Nenhuma mensagem ou ligação. Era uma espera em vão. Sabia que não tinha voltado pra casa. Mas eu engoli todos os meus pensamentos e só queria saber como você estava.
"-Ah, eu não devia ter ido."
Eu calei tudo que eu senti naquela madrugada só pra poder confiar em você, como pedira, e não em todos os meus sentimentos. Eu ainda não acredito que destruíra um amor por um ato carnal e estúpido. E foi por isso que mais uma vez eu descobri o porque d'eu não gostar de doar o meu coração. Porque ele parte. Regenera a qualquer circunstância. Endurece. E o silêncio e a solidão se instauram por tempo indeterminado. Relacionar-se não mais cabe. Eu evito amores. E redescobri o porquê. E a vida é uma só, tem de ser aproveitada. E a interpretação desta última deve ser cuidadosa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada!