terça-feira, 7 de outubro de 2014

um dia como outro

risca ali que era pra ter sido escrito dia 06/10, mas esse certamente não era o texto que eu queria ter escrito. nada na vida é como queremos, então esse é só mais o resultado de um dia comum.
esse dia tem significado e você sabe qual. só queria ter escrito um texto conjunto como te pedi no dia anterior e você confirmou. esqueceu. não deu tempo. cansado de esbravejar, fora comemorar.

não acordei muito bem, o misto de lembranças e por ser essa data fora devastador (não de forma ruim). eu já passava mal. você me ligou e o dia clareou um pouco, ainda sim, não era a mesma coisa. prometi ir ao curso, mesmo passando mal. perdi matemática e cheguei pra português. minha única motivação ao ter ido era a incerteza de poder te ver, talvez de surpresa. tinha esquecido como odiava surpresas, na maioria das vezes elas nem aconteciam. nunca me canso de ser ridícula. 

as aulas de literatura sempre são um banho de água fria quando eu não preciso. passado mais de 1 mês sem ir ao curso, chegáramos ao modernismo. a ideia da semana de 22 e dos artistas que participaram do movimento nunca tiveram tão próximos a mim quanto naquele dia 06.
meu professor sabe como tocar almas e explora isso por suas vivências. meteu-me uma poesia de segunda fase. nesse dia fez com Vinicius e seu "Soneto de Fidelidade", aqui transcrito:


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


o amor acaba. será que realmente o amor acaba? será que a sua conexão com a pessoa acaba? será que é amor ou memória do que foi? será que ele quase me fez chorar em sala?
com tantas inquietações e perguntas, sentimentos, eu tentava digerir a informação e ao mesmo tempo uma barra de chocolate, que por todo o meu estado de espírito... estava sem gosto.
meus olhos marejavam, minha cabeça estava mais pesada do que quando chegou e eu mal conseguia me concentrar. parece que o professor me lia e vomitava as minhas emoções em público. depois escrevo um texto melhor sobre a aula e as experiências dele com a ex namorada, pelo qual ele está pronto a ajudar sem pestanejar. eu tive minhas reflexões.

quando saí de lá esperava uma mensagem ou uma resposta, mas não a tive e mesmo assim plantei-me por tempo maior do que eu devia no metrô de Botafogo. uma hora a gente cansa e vai embora, assim o fiz. eu sempre pego o metrô. só não costumo ficar 40 min esperando algo que não vai acontecer, assim como a visita no curso.

não, eu não tenho nada contra a sua amiga, mas ando cheia de comemorações alheias. quer ir? até podia, se não fosse um dia que significasse algo. não queria dividir comemorações. bem, não as tenho desde o dia do meu aniversário. agora também não temos o que comemorar. "eu não estava muito a fim de ir". 

desculpas. eu sempre te desculpei né... por que agora seria diferente?

vamos escrever juntos o texto de hoje?

esqueceu que eu escrevo no papel. queria escrever junto pra desmontar as coisas ruins e ver o que cada um lembra de bom. os arquivos devem bastar.

as horas corriam e eu já sabia o que você tinha escolhido fazer. quando sou eu que fico brava com algo, realmente não vale a pena encarar. mas se é você quem fica sentido, o mundo cai. talvez porque eu sempre tente te tratar bem demais e quando lhe falta o eu te amo, os carinhos e os cafunés, a compreensão e etc, é motivo de desamor. na verdade tinha que ser motivo pra mais amor, mais compreensão, mais entendimento próprio, mais cabeça, mais coração... não é só de alegrias que um relacionamento vive. amar na adversidade é mais difícil mesmo. há muito o que amadurecer.

você ficou puta comigo e queria que eu ficasse bolado? não fosse? não me divertisse?

verdade, eu sempre quis isso. ainda mais no dia 06. só eu que posso ficar da forma que fiquei e comemorar o incomemorável sozinha.

peguei o metrô e vim pra casa. assim como o chocolate, a vida tem estado sem gosto. tinha que fazer algo pra comemorar comigo, já que a outra parte nem sinal tinha dado.
fui tentar comer uma pizza, afinal, adorávamos pizza. escolhi o mesmo sabor da última pizza que comemos juntos, só que em tamanho menor. no dia em que só eu fui pra casa, no dia do não estou muito a fim de ir, do recomeço, de promessas e etc. quis escrever, mas íamos escrever juntos. não, não íamos. já era tarde e eu escrevo no papel.
retomei aos meus velhos sentimentos de comer no silêncio, só em minha companhia. a pizza devia estar maravilhosa, como a última, só não tinha gosto. eu já era amarga o suficiente. tentei ficar feliz. em vão. retornei a casa e poderia dar muito mais detalhes do antes e depois disso. a história poderia ser muito mais rica de versões minhas, mas só é verdadeira. eu não queria escrever, mas é bom deixar registrado como foi meu dia 06. um dia como outro, só com um pouco de confusão e desconsideração.

no final, tudo acaba em pizza mesmo.



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