quarta-feira, 29 de setembro de 2010

É psicológico

Doenças são uma enfermidade natural para as pessoas, podem ser causadas basicamente por um vírus, uma bactéria, uma ameba, um príon e se eu for falar todos esses agentes causadores irei ficar intrigavelmente chata com a minha paixão por biologia e afins.
Parece o rascunho de um artigo científico muito mal elaborado, não?! Pois bem... Não conheço muito bem meu falho organismo, mas o ser humano como todo é uma máquina muito interessante. Como algo parecido com uma fita pode ter um valor tão... Não estimado?
Mas eu volto a falar de mim e de toda essa doença.
Quando eu era pequena e tive que mudar de casa, me separei de uma vizinha que era como uma segunda mãe para mim. Eu a amava tanto. Vânia era o nome dela.
Na semana seguinte a mudança eu adoeci, mas a minha doença não tinha nenhum fundamento nos agentes que citei acima, ela era psicológica.
A saudade estava me matando, e apesar das palavras que ela viria me visitar e que eu poderia fazer o mesmo, eu ainda sim continuava doente.

Enfraqueci.

Chorei.

Como eu queria ver a Vânia, ou melhor, como eu queria ver a tia Vânia. (Era assim que eu a chamava).
Ela não vinha, eu não ia.
Minha mãe disse que isto era psicológico, e os médicos confirmaram o diagnóstico.

- Sim Srª Ana, o que a sua filha tens é algo psicológico, ela desenvolveu esses sintomas a partir de um abalo emocional. (Disse o doutor) Minha mãe acordou.

Ela tinha muitos compromissos e uma doença muito grave, eu teria que entender, mas assim que ela soube que eu estava doente por sentir saudade veio rapidamente ao meu encontro. Aquele foi um dos melhores abraços que eu recebi na vida e vou guardá-lo para sempre.
É difícil tocar nesse assunto, admito, e toda essa saudade eu vou ter que guardar para sempre. Pergunto-me o porquê dela ter partido, mas sou egoísta quando pronuncio essa questão. Ela teve de ir e eu tive que compreender. Ela partiu e junto com ela se foi um dos meus piores momentos de choro e veio um dos mais sinceros sorrisos pelas lembranças. (24/08/2010)

Hoje tenho febre, dor no corpo, calafrios e acho que não preciso do diagnóstico de ninguém, a doença psicológica retornou. Sinto-a tomando grande parte de mim e todos esses sintomas são referentes ao situacional cotidiano. Enfraqueci-me.
Estava sentada nos bancos da estação do metrô e observava todos os transeuntes que ali circundavam, era tarde. Ficou noite.
Cada movimento dado era fraco, pensava em você.
A boca quase não se abria, não tinha muito que falar e nem queria. O nível de salivação fora aumentado mesmo sem pronunciar uma palavra.
Os vagões passavam e alternavam-se numa dança que meus olhos não podiam captar. O olhar era triste, falava por si só.
Amoleci em um dos bancos, você passou num vagão e foi a única pessoa que enxerguei.
Você passou. Eu fiquei.
Repito os sintomas, mas não adianta procurar um clínico geral mesmo passando mal. É psicológico.

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