terça-feira, 26 de agosto de 2014

Movie-se

Eu estive em cartaz de 05 de Fevereiro à 07 de Abril de 2013. De terça à domingo, das 09h às 21h. Na Rua 1° de Março, 66, no Centro do Rio de Janeiro. Em 15/02/2013 fui lembrada quando já distante. Para ser mais exata: 1.964,97 km de distância. E tão mais rápido fui visitada pelas minhas lágrimas lá pelo dia 27 de Fevereiro de 2013, de horário incerto. E revisada disso dias depois. Uns 4 dias para ser mais precisa. Mesmo que os números não estivessem a meu favor.

"Com o chifre do rinoceronte, energia máxima no mínimo espaço, frente ao espaço infinito do mar, o quadro resulta da cúspide de uma geometria (...) que permite a mim conhecer existencialmente a verdade do espaço-tempo."
Salvador Dalí

Junto agora o que quis ver antes e o que quero ver, mas junto também como fui vista e não vista ao mesmo tempo. Passada por cima em épocas distintas.
Eu, já muito tola, recebi uma mensagem de que fora à exposição e uma recomendação de ir. Eu, que já tinha recomendado-a e não fui. Mindfuck, fora o que falara a mim, mas não unicamente. Entendi a mensagem e os risos, e a percepção já compartilhada. Os mesmos risos que ecoam em minha cabeça agora. 

Todo o universo no meio da divertida exposição com divertida companhia escapou à lágrima que ali caia.  MINDFUCK. Que caia tão de perto e tão distante. Que caíra antes e cai agora. O hoje é um prenúncio do antes. E aqui contínua continua a lágrima. Num horizonte de nuvens confortantes, num peso maior do que elas parecem aguentar. Mãos e pés dão lugar a patas, estas atadas e muito menores. Já não podem sustentar o peso do casco. Os chifres à venda se diferenciam dos cornos de outros animais. Nunca vi um rinoceronte tão triste. Mas a tristeza sempre passou despercebida. O que vale mesmo são as risadas sobre a forma. O psicológico tão íntimo e que diz tanto fora sacrificado por meia dúzia de risos compartilhado, e naquele tempo, talvez por um dia bom. É. São mindfuck demais para compreender e perceber o estado de espírito de tal criatura. Se tão insensível para com uma massa gélida, como compreenderias um coração pulsante? A pergunta fora retórica. A resposta seria superficial demais ou nem mesmo a teria. Já é costume. E com isso me vejo abaixo e a baixo. Tão pesado. Tão perdido. Tão distante. Tão atado. A boca entreaberta que só cala por já não ter mais com que palavras gastar. Demonstra o vazio e a descrença. O olhar é fixo pro nada. E a lágrima despende infinita longe dos olhos, presa pela alma. Não finda. E naquele dia eu não pude crer no que via e por hoje eu não queria crer no que vi.




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