segunda-feira, 26 de julho de 2010

Paralelo

Junto a ti, eu nunca caminhei.
Somos alelos opostos em direção paralela.
Num passe de mágica, viramos concorrentes.
Nos cruzamos em um ponto.
Esse fenômeno nem a matemática explica.
Como duas retas podem ser mutáveis do nada?!
Numa centelha de tempo me vejo distante, destoante e nada semelhante.
Talvez ninguém entenda, mas isso me basta.
Você me basta.
A minha reta paralela.
A minha reta concorrente.

domingo, 11 de julho de 2010

Uma reza

Rogai por nós, alguém sem voz.
Que vai contra o vento, como um cata vento.
Que a alma não encanta, povo sem esperança.
Que só clama, só pede por paz,
mesmo sem pais.
Que chora por fome.
Que chora por dor.
Que pede dinheiro e lamenta um amor.
Amém.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

não vai mudar

- Posso lhe dizer uma coisa?
- Mas tem que prometer que me entenderá.
A algum tempo atrás eu te amava mesmo,
agora eu também lhe amo, mas de forma diferente.
Antes era visível e previsível, mas agora
é encantador e atenuante.
Eu aprendi a controlar tudo isso.
Não sofro.
Não fico triste.
Apenas sorrio com você.
Apenas sorrio por você.
Eu sempre te amei, e é só com você que a lei do retorno acontece.
Não me importo por esse amor morrer e renascer.
É um ciclo viciante e contínuo.
É o passado ausente e presente.
Mas você ...

- Eu só queria ter coragem para lhe falar ...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ideia Inconsequente

Estão a desconfiar ...
Das nossas trocas de olhares,
dos nossos tocares.
E dizem que nos comunicamos
pela troca de amor.

Vieram me perguntar,
se eu gostava de você, mas eu
não soube nem responder.

Ousaram a dizer que daria certo,
que tudo era mais que versos.
Mas eu permaneci com meu pensamento incerto,
com os olhos abertos e medo de viver.

E isso tudo me leva a concluir, que:
Não vai dar certo.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

nada

Caminhava enquanto anoitecia, não eram nem 7 horas mas tudo estava muito escuro.
Estava escuro e eu gostava de ver minha sombra. Talvez eu só esteja vendo-a como em dias claros, mas
ela parecia mais apresentável.
Estava frio lá fora e meus passos eram agéis e desengonçados.
Sentia o vento frio arfar junto com a minha respiração e entorpecer meus pulmões.
O vento gélido beijava meus cabelos.
Minhas mãos estavam seguras no bolso do casaco.
Eu tinha rumo certo, mas queria não tê-lo.
Minha consciência manifestou-se e se pôs a falar.
Sabia que dali a 5 minutos ganharia companhia e minha conversa particular seria interrompida,
mas não me fazia diferença naquele instante. Eu ainda estava sozinha comigo.
Não que a companhia fosse desagradável, mas eu preferia surtar junto a meus pensamentos.
Nós de pensamentos me consumiam, mas não consegui chegar a lugar algum.
A companhia chegou e estava calada, eu ficava feliz pelo silêncio.
Depois, me envolveu num laço de abraço e se pôs a falar como era previsto, mas não fazia muita diferença,
eu não queria ouvir palavras vazias e minha cabeça entrava em conflito com minhas ideias num só giro.
Voltara aos meus pensamentos.
Era involuntário.
Era preciso.
Agora a minha cabeça dói.
Somente dói.
Minhas palavras cheias agora se tornaram versos vazios e frios.
Impensados e designados ao lugar nenhum.
Explorados pelo nada.